segunda-feira, 17 de setembro de 2007

"A DISTÂNCIA SEMPRE ME MACHUCOU"

Foi assim que o riopardense Luciano Rodrigues sintetizou em sua mensagem remetida à este blog, a dor que qualquer pessoa, estando distante de sua terra-natal sente no coração. É uma dor que pode matar, causar profunda tristeza, gerar amargura que progressivamente vai transformando-se em angústia... Riopardense, saido daqui para trabalhar no Banco do Brasil e tendo percorrido boa parte do país, o Luciano postou uma mensagem, que agora pretendo comentar. Essa sensação de estar distante não é privilégio dos riopardenses, nativos de outras terras também carregam este sentimento. Portém, parece que nós somos extremamente arraigados em nosso sentimento de amor e afeição à cidade histórica e, em muitas situações, isso nos diferencia de outros casos... Pode ser uma pretensão, um exagero, mas realmente nós riopardenses amamos este chão, encontro de dois rios, formado na reistência invicta às tentativas de invasão castelhana... Um dos mais conhecidos poemas pátrios, "Canção do Exílio", obra do primeiro poeta autenticamente brasileiro, o maranhense Gonçalves Dias, escrito numa das ocasiões em que ele estava em terras de além mar, já sintetiza claramente esta sensação de estar distante, que tanto machuca, citada pelo Luciano na sua mensagem. Ao escrever: "NÃO PERMITA DEUS QUE EU MORRA, / SEM QUE EU VOLTE PARA LÁ; / SEM QUE DESFRUTE OS PRIMORES / QUE EU NÃO ENCONTRO POR CÁ" o poeta maranhense produziu uma obra eterna, que ainda hoje pode ser aplicada, especialmente em relação aos que estão distantes. E milhares de pessoas já experimentaram essa sensação de perda causada pelo afastamento da terra amada. Napoleão Bonaparte (reprodução de pintura, ao lado) deixou-se consumir pela doença e tristeza, exilado na Ilha de Elba. Igual dor sentiu Aldfred Dreyfus (foto) condenado injustamente a viver longe da França na "Ilha do Diabo" nos confins do mundo, na GuianaFrancesa. Nesses dois casos, tratavam-se de pessoas que foram obrigadas a deixar sua pátria por imposição governamental. Mas no caso dos "auto-exilados" que por motivos profissionais saem mundo afora, o sofrimento é ainda maior... Publico esta exposição porque entendo perfeitamente a dor de estar longe. Já estive longe, embora por poucos tempo, e senti na carne esta sensação. Ser "desgarrado" não é nada fácil e exige muita força pessoal para suportar.

Um comentário:

Anônimo disse...

A demora se deve a ainda necessária adaptação, incluindo mudança, mas a sensação ao te ler é que ninguém poderia entender assim melhor o que se sente longe. Pura pretensão: cada um longe, muito longe ou muito perto, sente o mesmo.
Um abração.
Luciano-Augusto