segunda-feira, 29 de outubro de 2007

SILÊNCIO... APENAS SILÊNCIO

Silêncio. Quase calma total, não fosse algum pedestre apressado que passa na rua em busca de seu destino. Uns vão e outros vêm. Alguns buscam o supermercado que fica próximo, outros estão voltando do centro depois de uma jornada de trabalho e seguem pela rua de cabeça baixa, absortos em seus pensamentos. Já são mais de 18h, mas o sol ainda vai forte, dificultando minha visão e afugentando meu olhar, da porta para a rua. Silêncio. Passa um carro descendo a General Osório em direção aos bairros. Logo em seguida vem uma moto anunciando ofertas imperdíveis de uma loja da cidade. Que droga, o texto é o mesmo de sempre, os caras não mudam nada, descubro que já sei decor o que vai ser anunciado... Ligo a tv, afinal ela está aqui, em frente da minha poltrona. Vou aos notíciários das redes americanas e descubro que a maior potência do mundo ainda não conseguiu apagar os incêndios que avançam por vários pontos da Califórnia. Percebo irritação na imagem do senador norte-americano protestando que os soldados que estão no Iraque deveriam de estar lá, combatendo o fogo... E penso que se eles, com toda tecnologia, poder e dinheiro não conseguem apagar incêndios, como vamos nos brasileiros apagar nossas mazelas diárias, nossa miséria social? Silêncio. Ouço vozes familiares vindas da rua e descubro que meu momento de reflexão está terminando... Logo a casa volta a ficar agitada. O volune da Tv sobe, o computador ao lado é acionado pela Luiza que, por sua vez, passa a ouvir e cantar as músicas da High School Musical. E para aumentar a agitação, vem o barulho da impressora off-set, no piso superior, imprimindo esta edição do jornal que você está lendo agora. Meu pensamento voa e me leva ao alto de uma montanha, verde, mas tomada pela neve no seu cume, onde o silêncio ainda reina. Estou sentado na relva e neste momento apenas fito a paisagem, escutando ao fundo o som mágico de uma valsa vienense ou de uma balada com a maestria com que só o velho Bob Dylan sabe interpretar... Me sinto confortado pelo silêncio imaginário que produzo e de repente, me vejo numa rua de Calcutá, com milhares, milhões de pessoas, carros puxados por gente, ambulantes e até mesmo magos enfeitiçando serpentes com suas flautas! É o barulho máximo de uma grande e desordenada cidade do terceiro mundo. E na sabedoria de minha poltrona logo aprendo que o barulho doméstico da General Osório não é nada, comparado à tantos outros que existem por este mundo afora (já pensaram na avenida São João, em São Paulo, neste horário? !!!), e me conforto com o que tenho. É melhor mesmo ficar por aqui... Silêncio. Consigo a paz total, calmo e ausente do mundo que me cerca e do barulho que por vezes altera meu humor. Minha poltrona agora é imensa, esta sala não existe. Projeto imagens maravilhosas e deixo que minha mente comande meus pensamentos. Passa um filme colorido que eu nunca tinha visto, mas um filme que me entorpece os sentidos e faz meu corpo flutuar, levitar sem sair da poltrona um milímetro que seja. Amigos, devo estar enlouquecendo... Ou então, quem sabe, finalmente, estou deixando a insanidade de lado e ingressando na era da razão! Silêncio. Sabem o que vejo agora? O "The Cavern Club", em Liverpool, Inglaterra. Fico imaginando como foi a emoção do meu amigo "Bebeto" (Carlos Alberto Freitas) que me telefonou, dia desses, desde a cidade inglesa para contar que na noite seguinte iria visitar o lugar sagrado onde os The Beatles começaram sua carreira meteórica, que influenciou e mudou a vida dos jovens em todo o mundo, inclusive a nossa, não é mesmo Bebeto? Silêncio. Juro que não bebi. Não posso, não devo e não quero beber. Mas meu "porre", neste artigo está evidente! Saio da poltrona e tomo a melhor decisão do dia: vou na Imec comprar umas três ou quatro garrafas de cerveja Schincariol... sem álcool! O dia está lindo, eu amo o mundo, admiro a música que me vêm à mente, celebro a natureza, brindo às pessoas que passam na rua sem imaginarem que estou delirando ainda em dia claro! E para celebrar vou colocar as garrafas para gelar, pois precisam serem tomadas assim, mesmo que - maldição! - não tem álcool. Chimarrão não seria melhor?

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