sábado, 20 de outubro de 2007

EMOÇÃO SUPREMA

Quase nada me sensibiliza tanto ao ver a emoção do povo, principalmente se for alegre, mas também a tristeza me toca o coração. Muitas vezes ouvia de meu pai e do meu tio Nilton que estava lá naquele dia, a descrição da comoção popular quando da morte do presidente Getúlio Vargas, que se suicidou no Rio de Janeiro em pleno exercício da presidência da República. Aqui em Porto Alegre, milhares de pessoas sairam às ruas e sucederam-se cenas de muita emoção, indignação e até violência. Mas o que me impressionava mais era saber que o povo chorou nas ruas, que as pessoas realizavam verdadeiros discursos de lamento em esquinas e praças. O mesmo sentimento me assaltou, quando gurizote, vi o sepultamento do padre Broggi aqui em Rio Pardo, com as pessoas emocionadas e um número de gente que acho nunca mais foi superado. Recordo também da morte de Tancredo Neves e Airton Senna, ambas vistas já pela televisão. Outro momento marcante foi a primeira visita do Papa João Paulo II ao Brasil e ao Rio Grande do Sul, quando fui às lágrimas de emoção. E assim tenho tidos vários momentos, ainda mais agora que a TV mostra tudo e todos instantâneamente. Pois nesta quarta-feira à noite, fui novamente tomado por grande emoção ao ver mais uma vez o povo brasileiro vivendo momentos de imensa alegria. Como outros milhões, sentei-me em frente à Tv e acompanhei as transmissões das emissoras do jogo do Brasil contra o Equador. Foi uma noite perfeita, pois nada neste país, consegue deixar o povo mais feliz e eufórico do que o futebol. É a paixão nacional. Um sentimento coletivo democrático, que reune todas as classes sociais, raças e tudo mais, dentro de um estádio. A Integração é ainda maior, quando se trata da seleção, esta então, talvez a única e maior unanimidade nacional. Pois o que eu vi foi um povo sorrindo, alegre. Vi famílias inteiras, pais abraçados aos filhos, muita paz e vi rostos iluminados pela euforia da vitória completa e radiante que só o futebol brasileiro pode proporcionar. Em minha emoção crescia quando conseguia identificar em meio às imagens, pessoas humildes, certamente de poucas posses, que devem ter enfrentado dificuldades para garantir o pagamento do ingresso ao Maracanã. E nestes momentos, minha emoção transbordava. Era o povo sofrido, o povo marginalizado, o povo ludibriado, o povo aviltado por uma vida rua, desigual. Sorrindo, vibrando. Existe cena mais linda que essa? Corrijam-me se estou errado, mas creio que nada é mais bonito e emocionante que a felicidade do povo . Lembro agora de outras cenas, quando a seleção brasileira foi realizar um jogo de apresentação no Haiti. Lembram? Aquela mesma emoção, aqueles mesmos olhares, aquela mesma felicidade estava estampada nos pobres e sofridos haitianos ao ovacionar a seleção brasileira dirigindo-se do aeroporto ao Estádio onde foi realizado o jogo. Pois o Brasil dessa quarta-feira dormiu mais feliz e acordou mais alegre. Um consolo para milhões de pessoas que vivem angustiadas, narginalizadas nas grandes cidades, lutando de todas as formas pela sobrevivências diária. São pessoas simples, bondosas, puras. Sim, porque essa é a verdadeira face do povo brasileiro. O sorriso, a simplicidade, a pureza de sentimentos. Uma pena que tantos fatos contribuam diariamente para que esta face se feche, fique triste e indiferente. A indiferença surda mas condenatória à quase tudo que está aí, menos ao futebol... Esse sim, motivo de momentos de felicidade para nós todos brasileiros comuns e que nada mais queremos que isso: ser brasileiros!

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