segunda-feira, 15 de outubro de 2007

DEZ ANOS

A seção "Gente de Rio Pardo" da edição passada do Jornal de Rio Pardo, trouxe como destaque minha estimada e querida amiga Vera Lucia Shultze, que chamo de "Veroka". Lendo sua história, que acompanhei e conheço tão bem, pois tivemos uma convivência fraterna desde a infância, não só com ela mas com toda sua família. São essas coisas de Rio Pardo, famílias inteiras que há várias gerações convivem, muitas vezes possuem laços de parentesco, e cultivam uma amizade que vem sendo mantida de pai para filho. É o nosso caso, uma convivência que vem desde nossos avós, talvez antes deles. Pois foi com satisfação que li o perfil dela no "Gente de Rio Pardo" com uma ponta de satisfação e orgulho, pois me sinto um pouco participante desta história como amigo e admirador do trabalho de uma riopardense que dedica e dedicou toda sua vida a Rio Pardo. Pois a Vera, no seu relato, traça uma comparação de como Rio Pardo evoluiu em termos de valorização de seu passado. Tanto ela como eu, vivemos tempos em que as pessoas que curtiam e defendiam a história local, a preservação e temas afins, eram alvos de gozações, de chacota, etc. E ela - em seu relato - chega aos dias de hoje, enumerando como essa situação mudou, como os jovens encaram de forma positiva estas questões, como já existem mecanismos legais que protegem a história local. Para chegar até aqui, a caminhada foi penosa. Lembro do Sobrado do "seu" Cazuca, que ficava ali na esquina ao lado do Banrsiul e que terminou sendo impiedosamente destruido. Chegamos a formar uma comissão que foi à Encruzilhada do Sul solicitar aos novos proprietários do local para que não destruissem aquele prédio. Nesse grupo estava a Veroka, o Raimundo Panatieri e eu, além de outras pessoas. A foto do grupo está no arquivo aqui do Jornal. Mas, fomos bem recebidos, ganhamos promessas animadoras e não deu outra: o prédio acabou vindo abaixo. Não existiam elementos legais que impedissem a destruição. Acho que este foi o primeiro movimento organizado, que foi formado e lutou concretamente rumo à manutenção de prédios antigos em Rio Pardo. Claro que temos aí a Uneama, da qual participei das primeiras reuniões, e que obteve esta vitória significativa com a restauração da antiga Escola Militar, hoje Centro Regional de Cultura. Mas, fico lembrando da gente, rumando à Encruzilhada naquela estrada que ainda não tinha asfalto, colecionando esperanças e projetando um futuro de realizações... Pois a matéria com a dra. Vera Schultze acontece justamente agora em que Rio Pardo completa dez anos sem ter um prédio sequer perdido para a especulação imobiliária, a insensibilidade, e a ignorância de pessoas que pensam em "destruir essas casa velhas" (felizmente isso está terminando...) sem se dar conta que agindo assim estaremos destruindo nosso futuro. E mais, a matéria sai na mesma edição em que noticiamos a assinatura de Termo que garante a vida de mais um prédio antigo, o "Sobrado Bandeira", que fica em frente à Imequinha. Mais uma ação exitosa coordenada pela Promotora Christine Mendes Ribeiro Grehs, ela que é grande responsável por esses dez anos de vitórias pela preservação de Rio Pardo. Minha amiga Vera tem grande parcela nesse novo momento e no nascimento de uma nova mentalidade, onde ser antigo não é mais ser ultrapassado e nem ser alvo de gozação. Pelo menos se isso ainda não é realidade completa, estamos muito próximos. Um bom motivo para brindarmos, não é mesmo, Veroka?

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